CAP. 07: A I GUERRA MUNDIAL

Simultaneamente à fundação do Palestra Itália, o planeta fervia. Se não no Brasil, localizado na à época ainda distante América do Sul, ao menos na Europa. O Velho Mundo estava em franco estado de beligerância.

Vários problemas atingiam as principais nações europeias no início do século XX. O anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora do processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação de italianos e alemães, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da I Grande Guerra.

Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares já no final do século XIX. Ainda em 1882, por exemplo, foi formada a Tríplice Aliança, que contava com Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha. Mais tarde, em 1907, surgiu a Tríplice Entente, com a participação de França, Rússia e Reino Unido. Tais acordos puderam ser colocados em prática a partir de maio de 1914 – cerca de três meses antes, portanto, do nascimento palestrino -, quando eclodiu a I Guerra Mundial.

Todo este relato parece estar fora de contexto, já que neste espaço falamos sobre a história de um clube de futebol. Mas o fato é que a I Guerra Mundial quase colocou fim ao sonho dos três rapazes do bairro do Brás porque, em primeiro lugar, propiciou a renúncia do segundo presidente do clube.

Sentindo que a Tríplice Aliança não teria forças para ganhar a batalha contra a Tríplice Entente, o governo italiano resolveu mudar de lado. E para convencer seus novos aliados de que sua ajuda seria fundamental para a vitória, passou a requisitar o alistamento de todos os seus patrícios espalhados pelo mundo. Augusto Vaccari – italiano nato – decidiu atender ao pedido do seu governo: poucos mais de sete meses após ter assumido o lugar de Ezequiel Simoni, optou por abrir mão de seu mandato por amor à pátria em carta de próprio punho assinada e datada de 16/06/1915.

De novo sem comandante, tratou o Palestra Itália de eleger um novo sucessor. Mais uma vez, Vincenzo Ragognetti, Luigi Emanuelle Marzo e Luigi Cervo não aceitaram concorrer ao posto, ao qual foi eleito, então, Leonardo Pareto. Apenas mais um integrante do grupo de fundadores, ele tinha, contudo, uma grande vantagem sobre muitos dos demais: tino administrativo. Foi com seu terceiro presidente que o Palestra Itália começou a se ajeitar financeira e administrativamente.

Ocorre, porém, que a I Guerra Mundial causou mais um problema ao clube além de ter levado embora o seu mandatário supremo. Duas entidades ligadas à Itália, a Cruz Vermelha Italiana e a Pró-Pátria, passaram a solicitar que todos os italianos, residentes ou não no país, contribuíssem com o envio de dinheiro, que seria totalmente utilizado na manutenção do corpo de soldados e oficiais que lutavam em campos europeus.

E aí tudo se complicou. Praticamente todos os “oriundis” deixaram de contribuir mensalmente com o clube e os parcos trocados que pingavam nos cofres palestrinos passaram, então, a embarcar em navios rumo a Roma. E para uma associação pobre, até mesmo ínfimas quantias se tornam vitais. O resultado disso foi que Pareto, vendo-se sem fundos para honrar sequer os mais simples compromissos, optou por uma decisão drástica: o Palestra Itália teria de morrer, nem que fosse temporariamente. Depois, quando a I Guerra terminasse, talvez pudesse renascer. Pelo menos era assim que pensava o nosso presidente.

Evidentemente, isso não aconteceu. Mas em nosso próximo encontro, todos saberemos qual era a intenção de Leonardo Pareto e qual a solução encontrada para que ela não se tornasse realidade.  

Obs.: Apenas para registro, vale lembrar que a I Guerra Mundial, que durou apenas três anos, matou aproximadamente 10 milhões de pessoas, fez cerca de 30 milhões de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias e gerou grandes prejuízos econômicos para todos os países que nela se envolveram. E, pior, jamais a Alemanha aceitou sua derrota, tendo começado por isso o movimento nazista que resultaria na II Guerra Mundial. 

ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, SENDO PROIBIDA SUA DIVULGAÇÃO TOTAL OU MESMO PARCIAL SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. OS INFRATORES SERÃO RESPONSABILIZADOS CRIMINALMENTE.

 
 
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4 Responses to CAP. 07: A I GUERRA MUNDIAL

  1. Parabéns novamente pelo obra Márcio, apenas uma correção, no quinto paragrafo a data colocada foi 16/06/2015.

    Abraço.

    • Márcio Trevisan

      Olá, Diego.

      Peço desculpas pelo erro cometido.

      Muito obrigado pelo elogio e principalmente pela correção.

      Abs.

  2. Guilherme Santos

    A cada capítulo me apaixono mais pelo nosso grande Palmeiras.

    Nunca imaginei que estes acontecimentos tivesse tanta influência direta em nosso palestra.

    • Márcio Trevisan

      Pois é, Guilherme.

      E os fatos mundiais influenciarão o Palmeiras ainda mais um pouco mais pra frente.

      Aguarde.

      Abs.

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