Palestra Itália se aproveita de conturbado momento político no País para faturar outro Paulistão
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Independentemente de sua resposta, o fato é que ela faz parte de nossas vidas, queiramos ou não. E na história de um time de futebol, que normalmente arrebata apaixonados por onde passa, a Política se faz presente quase que cotidianamente. No caso do nosso Palestra Itália, ela acabou influenciando em muitas ocasiões e, especialmente no ano de 1932, contribuiu em duas frentes – interna e externa.
Internamente, em ano de eleição, foi a primeira vez que se viu em nosso clube uma divisão política tão claramente definida. De um lado, na chapa que ficou conhecida como “Renovação”, a presença de jovens idealistas prometia um Palestra Itália mais moderno e já preparado para quando o profissionalismo fosse, enfim, oficializado no futebol brasileiro (algo que viria a acontecer já no ano seguinte). Do outro, aqueles chamados de “Matarazzianos”, grupo formado em sua maioria por funcionários das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM e reconhecidamente mais moderados em relação às inovações.
O pleito, porém, correu dentro da maior lisura e do recíproco respeito entre as duas correntes pois, naquela época, os dirigentes palestrinos não colocavam suas vaidades e interesses pessoais acima do clube que amavam. E para provar isso, a chapa vencedora – os “Matarazzianos” – havia definido que seu presidente seria, por mais incoerente que isso pudesse parecer, um jovem. Por isso, em 4 de março de 1932, tomou posse na presidência do Palestra Itália o Dr. Dante Delmanto, que então contava apenas 25 anos.
Externamente, naquele ano o Brasil estava em ebulição. São Paulo liderava um movimento para que o então presidente da República, Getúlio Vargas, convocasse uma Assembleia Constituinte que desse ao País uma Constituição democrática. Como nem todos os políticos pensavam da mesma forma, eclodiu uma guerra civil, que ficou conhecida como a “Revolução Constitucionalista”. De um lado, os paulistas; do outro, mineiros, gaúchos e paraibanos. E como sabemos, os bandeirantes foram derrotados.
Devido a este problema o Paulistão, que seria disputado em sistema de pontos corridos e em dois turnos, teve de ser interrompido ainda em sua primeira fase – de 3 de julho a 6 de novembro de 1932 a bola não rolou em solo paulista. Justamente por causa desta situação, os clubes – dos quais, por sinal, muitos atletas se alistaram para defender os interesses de São Paulo nos campos de batalha – decidiram que o campeão seria apontado após a disputa de apenas um turno. Mas isso não fez muita diferença para o Palestra Itália que, tanto antes quanto após a paralisação, manteve uma campanha impecável.
Campanha que, por sinal, não teve um único senão. O time venceu as 11 partidas que disputou, ou seja, teve 100% de aproveitamento – fato único em toda a nossa história. Alguns resultados, por sinal, foram bastante significativos, como as goleadas de 7 a 0 sobre o Atlético Santista, 9 a 1 no Germânia e 8 a 0 frente ao Santos, até hoje o maior dentre todos os triunfos alviverdes sobre o alvinegro de Vila Belmiro.
O grande destaque do time foi, também, um dos nossos maiores artilheiros em todos os tempos, Romeu Pellicciari (foto acima). Além de ter sido o goleador daquele Campeonato Paulista, com 18 gols, fez dois dos três na decisiva partida contra a Portuguesa de Desportos, que garantiram ao Palestra a conquista do quarto título estadual com duas rodadas de antecedência. A superioridade alviverde foi tão inquestionável naquele ano que o segundo colocado, o São Paulo da Floresta, terminou o torneio cinco pontos atrás, diferença que, na época, era uma enormidade.
No jogo em questão, o acanhado estádio do bairro do Cambuci, onde a Lusa mandava suas partidas, quase estourou, tamanha a presença do público. Diante de um adversário reconhecidamente inferior, os palestrinos não tiveram dificuldades para golear por 3 a 0.
Raríssimas foram as vezes em que um título de campeão ficou em tão justas mãos.
Confira a ficha técnica da partida que garantiu mais uma taça ao Palestra Itália.
Campeonato Paulista/1932
Jogo: Portuguesa Desp./SP 0 x 3 Palestra Itália
Data: 20/11/1932 – Horário: 15h00
Local: Estádio da Rua Cesário Ramalho – Cambuci -, em São Paulo/SP
Árbitro: Antônio Sotero de Mendonça
Gols: Avelino aos 25 e Romeu Pellicciari aos 30 minutos do primeiro tempo. Romeu Pellicciari aos 10 da etapa final.
Valdemar; Raposo e Machado; Pixo, Barros e Xaxá; Teixeira, Dimas, Russinho, Pasqualino e Luna.
Nascimento; Loschiavo e Junqueira; Tunga, Gogliardo e Adolpho; Avelino, Sandro, Romeu Pellicciari, Lara e Luiz Imparato.
Técnico: Humberto Cabelli.
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