CAP. 28: É CAMPEÃO (PARTE III – FINAL)

De um lado, o gigante Paulistano, tetracampeão estadual, com Friedenreich e outras feras; do outro, aqueles italianos contra os quais tanto se tentara e tanto se fizera para que não estivessem ali, disputando a condição de melhor time do Estado. Assim que Herman Friese apitou o início do jogo, o que se viu foram duas equipes aguerridas e voluntariosas, lutando de maneira impressionante pela posse da bola. Talvez por isso se explique o justo empate sem gols, que perdurou até o fim do primeiro tempo. 

Na etapa final, porém, o jogo começou quente. Logo aos 5 minutos, o ponta-esquerda Martinelli colocou o Palestra Itália em vantagem, levando à loucura os seus torcedores, maioria absoluta nas dependências do estádio. Mas nossa alegria não duraria muito: aos 14 minutos, Mário se aproveitou de um cochilo da defesa palestrina e empatou a partida. O alviverde não se deixou abater. Mesmo num jogo equilibrado, conseguiu se impor e, aos 29, outro ponta, o destro Forte, mais uma vez deixou o Palestra Itália em vantagem. 

Aqui, nossos primeiros campeões (das esq. p/ a dir.): Forte, Federichi, Bertolini, Ministro, Oscar, Heitor, Martinelli, Primo, Severino Cestari, Bianco e Picagli.

Daí em diante, meus amigos, conta a história que todo o time palestrino se fixou no campo de defesa. Até o goleador Heitor abriu mão do que melhor sabia fazer – gols – para dar uma força na marcação. Foi uma pressão incrível do Paulistano, que durou exatos 16 minutos, quando se expirou o tempo regulamentar e o árbitro deu o jogo por encerrado. 

Explosão de alegria, que se materializou em verde, branco e vermelho. O verde, cor da esperança daqueles italianos que, por mais difíceis que foram as situações, jamais haviam deixado morrer o sonho de ter um time de futebol. O branco, cor da pele daqueles imigrantes, que tiraram do próprio bolso os recursos para manter vivo o clube que tanto amavam. O vermelho, do sangue que corre nas veias de um povo tão apaixonado por tudo o que faz. Enfim, o Palestra Itália era campeão paulista. 

Naquela São Paulo/SP às vésperas do Natal de 1920, faltou vinho tinto para tanta festa.

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2 Responses to CAP. 28: É CAMPEÃO (PARTE III – FINAL)

  1. Parabéns pelas matérias, todas ótimas.
    Como é bom ler sobre nosso passado, com jogadores maravilhosos, dirigentes que sabiam o que faziam mesmo com toda dificuldade, e PRINCIPALMENTE com torcedores que amavam o clube e davam valor pra jogadores que além de bons técnicamente suavam sangue pelo Palestra-Palmeiras.
    Hoje os torcedores adoram e são cegos por chinelinhos VAGABUNDOS !

    • Márcio Trevisan

      Obrigado, Jair.

      A culpa, porém, não é apenas do torcedor, mas sim do nível do futebol – hoje ele é bem pior do que antigamente, o que faz com que qualquer jogador que marque meia dúzia de gols se torne ídolo.

      Abs.

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