Palestra Itália abre mão de voltar ao Paulistão e faz de uma de suas sub-sedes um hospital de campanha.

Mal começara a se recuperar dos quatro devastadores anos que durou a I Guerra Mundial e o planeta se viu frente a frente com outro terrível inimigo. A gripe espanhola, também conhecida como “influenza”, matou em todo mundo cerca de 20 milhões de pessoas, mais do que o dobro de mortes causado pelo conflito bélico.

Espalhada pelos quatro cantos do mundo justamente pelos soldados que voltavam da guerra, a doença também fez suas vítimas no Brasil. Somente na Capital paulista, que contava então com cerca de 400 mil habitantes, mais de 150 mil foram infectados e quase três mil morreram. Dentre eles o então presidente reeleito da República, Rodrigues Alves que, aliás, nem sequer chegou a tomar posse, pois faleceria em 16 de janeiro de 1919.  No Rio de Janeiro, aproximadamente 17 mil pessoas faleceram em apenas dois meses.

Mas o que o futebol paulista e, mais especificamente, o Palestra Itália têm a ver com todas estas tristes notícias? Nosso clube, como contamos no capítulo anterior, havia decidido se afastar do Paulistão, reclamando das arbitragens. Mas, após muitas negociações, aceitou voltar ao torneio. Ocorre, porém, que isso se deu justamente quando as autoridades sanitárias, temendo uma expansão ainda maior da gripe espanhola, desaconselharam eventos em que acontecessem aglomerações públicas. Por isso, o Campeonato Paulista de 1918 teve de ser interrompido.

Desde então consciente das responsabilidades do clube como entidade social, os dirigentes palestrinos resolveram ceder as instalações de uma das sub-sedes, localizada na Rua Líbero Badaró. Lá, cerca de 40 doentes receberam, gratuitamente, o atendimento médico necessário para suas recuperações. Além disso, decidiram os palestrinos doarem a quantia de 500 mil réis mensais à Cruz Vermelha Brasileira. Logo em seguida, também o Paulistano resolveu ceder suas instalações para o tratamento de vítimas da “Influenza”.

Em fins de outubro, o Campeonato Paulista foi retomado, mas um acordo entre os clubes fez com que as partidas durassem apenas 70 minutos, a fim de diminuir os riscos de desgaste físico aos atletas. Com o fim da temporada já se aproximando, decidiu o Palestra Itália não mais retornar à competição e utilizar o tempo na realização de amistosos, também já bastante rentáveis. E a ideia foi boa: nestas partidas não oficiais, a equipe venceu 11 e perdeu apenas uma das 12 que disputou.

O time voltaria ao Paulistão, normalmente, no ano seguinte.

Obs.: Esta seção será atualizada em 16/07/2011.