CAP. 9 – INIMIGO ÍNTIMO

A decisão de pôr fim ao sonho de dezenas de italianos e “oriundis” era trágica, mas não ilógica.

Numa época em que para se jogar futebol tinha-se, obrigatoriamente, de ser amador, não havia a preocupação em se pagar a jogadores para defenderem a camisa palestrina naquele que seria o primeiro jogo da história do clube recém-fundado. Mas para que se confeccionassem as tais camisas, era necessário algum dinheiro. Além disso, havia custos normais, como despesas com transportes, por exemplo.

Foi quando empresários da colônia, como André Matarazzo, Rodolfo Crespi, Giulio Pignatari e Menotti Falchi, por exemplo, uniram forças e saldos bancários para ajudar o Palestra Itália a entrar em campo.

O passo seguinte seria a escolha do adversário. Assim que tomaram conhecimento de que o clube que, até então, praticava o futebol apenas socialmente, num campo alugado no bairro da Vila Clementino, os também ítalo-brasileiros do Savoia, uma equipe de Votorantim/SP, fizeram o convite, o qual foi prontamente aceito. Mas… Como custear as despesas de uma, à época, longa viagem de cerca de 100 km?

A solução encontrada pelo então diretor financeiro, Tomazzo Mauri, foi vender por mil réis cada um dos 150 distintivos que o clube recebera gratuitamente de um apaixonado torcedor.

Delegação palestrina chegando a Votorantim/SP

Com a venda dos símbolos aos sócios, obteve-se exatamente a metade do valor necessário para a compra das passagens de trem até a cidade do interior paulista. A outra metade foi adiantada, imagina-se com que apreensão, pelo caixa do próprio clube.

Faltava, então, o detalhe final e, sem dúvida, o mais importante: os jogadores. Um diretor conhecia um atleta, outro sócio conhecia mais dois, e assim o time foi se formando, mas sem que se obtivesse o número mínimo necessário.

Foi aí que algo muito curioso aconteceu: ao Corinthians foi solicitado o empréstimo de alguns atletas. Como nem em sonho imaginava-se a intensa rivalidade que surgiria entre ambos, o pedido foi aceito. Assim, entraram para a história palestrina os seguintes então corintianos: Fúlvio, Police, Bianco, Américo e Amílcar.

Tudo pronto, restava apenas a viagem, o jogo e, torcia-se, a vitória. Todos estes temas serão assunto da próxima vez em que nos encontrarmos “Nossa História”.

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Obs.: Esta seção será atualizada em 09/04/2011.

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